PICHAÇÃO, ARTE COM VANDALISMO
(Jornal Rudge Ramos, 2015)
Ao andarmos pelas ruas, é comum vermos os comércios, muros e casas cobertos com a chamada pichação. Letras e símbolos que muitas vezes são incompreensíveis, mas para aquele que os colocou ali, têm significado importante.
Além de pichações em espaços públicos, é possível ver também muitas casas manchadas. A estudante de Diadema Isabela Belli, afirma que já teve sua casa pichada mais de uma vez, “nós já pintamos por cima e depois picharam de novo”, e diz que a pichação é um incômodo, pois deixa com um aspecto de “bagunçado e sujo”.
A arte educadora Sueli de Moraes, porém, afirma que “assim como o samba um dia foi mal visto, mal interpretado, o picho ainda terá seu momento” e que há muito mais por trás da pichação do que as pessoas leem “(o pichador) quer ser notado, ser ouvido, quer pertencer ao todo e não apenas à periferia. E para ser ouvido nós teremos que aprender a ler.” Mas a maioria das pessoas não tem interesse em “aprender a ler” a pichação, como a estagiária em biologia Valéria Silva, que define a pichação como “desrespeitosa”.
Sueli também comenta que a pichação nos muros ocorre porque a intenção do pichador é fazer um protesto político, e compara a prática da pichação com os protestos comuns. “Quando você quer o impeachment de algum político, aonde você vai? É mais ou menos o mesmo parâmetro.”
A pichação é considerada crime pela lei número 9605, artigo 65 e a pena é de detenção por três meses a um ano e multa. O grafite, prática similar, não é considerado crime por, segundo a legislação brasileira “o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística”, uma vez que o proprietário tenha permitido. O grafite, portanto, é visto como uma arte, enquanto a pichação,é vandalismo.